quarta-feira, dezembro 7

Menina-coração


Brincando com meu próprio coração, eu descobri suas artimanhas.Quer comandar sempre, possuir-me integralmente sem quaisquer tentativa de diálogo com minha razão.Eu passei tempos brincando com meu coração, desbravando seus labirintos, desvendando seus mistérios.
Dizem que amamos com o cérebro e não com o coração. Que seja! Sabe-se lá se esse meu coração que ama está no peito ou na cabeça.Acho mesmo é que coração é uma menina espevitada que vive aprontando dentro de mim, vive num vai e vem, transitando por um jardim com portões em meus olhos, flores em meu pensamento e uma mata escura e perigosa no peito.
Essa menina-coração não se preocupa comigo, não amadurece nem cresce. Parece irreal!
Sei que não devia mas gosto muito dessa menina. Tenho medo de um dia perdê-la. Sabe-se lá se a minha menina-coração peralta e aventureira resolve fazer trilha na mata escura.
Não! Lá há sentimentos perigosos, minha menina-coração não saberia como voltar, e mesmo se soubesse poderia ficar presa por algum sentimento forte o bastante para aprisioná-la.
Enquanto não conheço os perigos desta mata escura que fica aqui perto do peito pulsando como se tivesse uma vida, como se gritasse angustiantemente pedindo algo, prefiro que a menina-coração continue assim com seu jeito inconsequente e espoleta, que vive correndo pelo jardim ralando seus joelhos e escondendo-se de jardineiros desconhecidos e curiosos que sempre fitam os portões do jardim querendo descobrir alguma coisa sobre a menina-coração que aqui vive.
Deixe ela aqui, ao menos sei que mal algum pode me fazer. A criei desde pequena, ficou um pouco indisciplinada eu sei, mas é feliz assim.
Traz uma alegria nos olhos e uma paz no sorriso. Ela não pára! Quer sempre colher novas margaridas no jardim pra brincar de bem-me-quer.
É que certo dia, um moço fitou os portões do jardim e a minha menina-coração despercebida acabou por fitar seus olhos também. O moço lhe jogou uma flor diferente das que haviam no jardim, era uma rosa vermelha tão perfumada quanto àquelas que a menina-coração conhecia. Desde então, ela vive à despetalar flores, com um tal de "bem-me-quer, mal-me-quer...". Tem deixado os portões destrancados, esperando ansiosa a visita do moço que lhe roubou o bem querer.

Bem-me-quer, mal-me-quer.
Bem-me-quer, mal-me-quer?

Como assim seu moço? 

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