E falando em saudade, amigos e lembranças...
Não é que eu odeie a despedida, pelo contrário, a considero um dos melhores momentos que podemos viver.
Do que eu não gosto mesmo, nem um pouco,é da missão que ela tem de avisar o quanto o fim se torna próximo.
O final de um ciclo, de uma rotina, muitas vezes estressante, cansativa e monótona,porém, muitas vezes também alegre, cativante e insubstituivel.
A despedida avisa que é hora de partir, de recolher um pedacinho de cada um e doar pedaços de si mesmo aos outros. Muitas vezes escolhemos um pedaço de sorriso para recordar, outras tantas apenas o olhar nos basta, quem sabe a voz, o jeito de falar, o abraço apertado, as brincadeiras tolas, as piadas tão sem graça que sempre conseguem arrancar aquela gargalhada boba da gente, talvez escolhamos as atitudes para lembrar, as palavras, ou quem sabe peguemos apenas um pedaço do coração,pedaço que sabe muito bem como multiplicar para caber tudo isso junto,guardado à sete chaves,lá no fundo mais fundo do peito, onde o tempo não pode soprar o vento forte do esquecimento, onde a falta e a ausência são substituídas pela lembrança tão real e presente de cada um.
Só se sente saudade daquilo que foi bom viver e saber que todas estas manhãs não voltarão mais nos faz valorizar bem mais todas as experiências que trocamos, todas as vezes que formamos juntos a trupe de um circo que ninguém jamais iria querer assistir ou todas as vezes que trocamos informação em momentos um tanto quanto inoportunos.
Enfim, a despedida nos deixa bem mais sensíveis, arranca de nós o choro que insiste em se prender, aperta tanto o peito que as palavras somem diante de um abraço verdadeiro.
Muitos podem dizer que não somos amigos e sim meros colegas, que não existe intimidade entre nós ou que não nos conhecemos verdadeiramente.Discordo completamente!Suportando uns aos outros em todas estas manhãs aprendemos a nos amar sim, a conhecer o jeito de cada um, a entender, a muitas vezes ajudar,fizemos coisas que só amigos fazem, tantas vezes nos desentendemos e depois nos reconciliamos sem nem pedir perdão, demos tantas gargalhadas de simplesmente nada juntos, fomos cúmplices em atos ilícitos, coisa que só amigo de verdade faz, cantarolamos mesmo sem saber a letra da canção até incomodar quem estivesse próximo, fofocamos sobre a vida alheia como bons amigos,fizemos da rotina e da mesmice algo sem igual.
Ousadamente posso dizer, que durante todo este tempo fomos bem mais que colegas, fomos bem mais que amigos,nos tornamos uma grande família,bem pitoresca na verdade,mas cada um com suas peculiaridades, com seu temperamento, com sua personalidade conseguiu fazê-la única e memorável.
Foram bons momentos com direito a replay, mas só no fundo do coração.
Foram vidas que se uniram, pessoas que acrescentaram algo a mais ao outro.
Acho que a palavra que melhor define tudo o que vivemos nem sequer existe ainda, é um tanto quanto inexplicável amar pessoas que não tem o mesmo sangue que você,que muitas vezes te irritam com defeitos e atitudes, pessoas que até um tempo atrás não significavam nada em sua vida e de repente passaram a ocupar um lugar especial no coração.
E que um dia possamos contar para os nossos filhos e quem sabe para os netos, os grandes amigos que conquistamos, o quanto nós fomos felizes juntos numa simples sala de aula.
São essas coisas que a vida não rouba de nós, momentos que valem ouro e pessoas às quais ouro algum pode se igualar.
E quando bater a saudade, é só lembrar de tudo o que vivemos, pegar o telefone e ligar, mandar um recado recheado de saudade por e-mail, combinar para encontrar toda galera para darmos boas risadas juntos de um tempo tão gostoso de viver e que não volta mais, nunca mais.
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