E esse meu amor que eu guardo no peito meu, bem protegido de todos os males e olhares, é todo teu, seu moço.
Eu? Ah, eu sou apenas uma guardiã do meu amor que é teu. Não faço outra coisa a não ser contemplar o amor que um dia poderei lhe dar.
Quando tu o quiseres, seu moço, basta pedir-me as chaves para abrir o coração que me deixaram a vigiar, pois vivo esperando a sua chegada, qualquer ruído já faz o peito palpitar de esperanças.
Sempre me perguntam como posso saber que o amor que guardo às chaves no meu coração, pertence ao moço. Eu sempre respondo com esse meu sorriso vexado, meio avergonhado, que se o meu amor não fosse desse moço, oras, não seria amor! Sempre dou-lhes as costas despercebidamente, mas sem nenhuma falta de minha educação.
Indagam-me sempre sobre o que seria se não fosse amor. E eu sempre digo sorridente, com esses meus olhos quase que querendo ser o próprio amor que, se o meu amor não fosse do meu moço, seria qualquer sentimento, qualquer palavra solta de um verso, um pobre passo falso ou até uma vida na contramão. Na certeza de que é sincero o amor, o amor do meu moço que já tem meu coração, sempre saio cantarolando as cantigas ensinadas às donzelas enamoradas.
Quando sozinha, a vigiar meu coração que guarda o amor, eu sempre fico a pensar que pra ser amor por todo esse tempo que se finda dia a dia num infinito de realidade, esse amor há de ser teu, moço. E se não for teu, nunca será amor. E sei que tu também já sabes bem.
Se não fosse teu, não seria amor, moço.
Se não fosse teu meu coração, eu jamais saberia como amar.